O tradicional Licor de ginja na sociedade e cultura portuguesa

Não demorou muito tempo até que a elaboração do primeiro licor de ginja, elaborado pela rainha Dona Maria Francisca de Saboya, em Óbidos, no ano de 1677, transpusesse os muros do casario real, levando a nobreza e a alta burguesia à sua divulgação, fazendo questão em presentear os seus hóspedes e amigos o Real Licor.

O manuscrito do receituário da Casa Real ‘’liqueur de griottes’’ (licor de ginja), depois de traduzido por um calígrafo e após tradução gráfica, houve ainda necessidade de decifrar as equivalências de pesos e medidas, ex: 1 arrátel=459 gramas.
Para além do fruto de ginja, álcool, água e açúcar, a Rainha adicionava pétalas de flor de lima e duas especiarias orientais. Estes três ingredientes aromáticos, são presentemente reproduzidos em extratos naturais num conceituado laboratório, com a formal garantia de exclusividade e confidencialidade.

Uma das características socioculturais do Real Licor de ginja era a transmissão familiar a que estava sujeita. Quase todos nós tínhamos – ou ainda temos – alguém na família que tem em casa o licor Real Ginja d’Óbidos, passado de pais para filhos. Fazia parte da tradição familiar uma “ginjinha”.

Era um hábito ancestral, enraizado na memória das famílias. Assim, o Real Licor de ginja é um legado, um conhecimento adquirido e transmitido de geração em geração, contribuindo para manter coesa a família e a sua história.